segunda-feira, 30 de setembro de 2013

My favorite things


Chegaste e já queres partir.
Procuras-te em constantes viagens.
Nunca sabes de onde partes, nem o porquê do teu destino.
Pára onde quer que estejas e sente o vento como se fosse os meus dedos..
Sente... sabendo que um dia serei eu a percorrer-te.

Até já,
Amo-te

sexta-feira, 20 de setembro de 2013




Muitas vezes estamos desligados, por outras... Ligados ao que menos interessa.
Nunca esperes dos outros aquilo que eras capaz de fazer por eles. Os outros podem não ser  capazes de perceber o teu tipo de entrega, o quão era importante para ti um certo tipo de resposta.
Por esta simples razão é tão importante perceber quem merece que a tua felicidade seja no acto de dar e não no de receber em troca.

Como é amar alguém que já esteve em coma?

No momento não quis acreditar que podia ser verdade, como podia desaparecer de um momento para o outro? Mas eis que estava ali, deitado, calado, de olhos selados por um sono que não sabíamos se ia acordar.
Preferi desligar-me com ele e durante todo tempo que esteve ali, eu estive com ele a pedir mais uma oportunidade para lhe dizer que o amava.
Quando acordou, só queria chorar, mas as lágrimas esconderam-se na alma para ninguém ver os meus olhos aliviados.
Pensei que tudo ia mudar e íamos construir o que nunca tínhamos tido. Não construímos, tudo voltou a ser o que era, com palavras por dizer, sentimentos por sentir...
A maior diferença agora é que sei como é perdê-lo e é difícil amar quem já esteve em coma, pois a qualquer momento, podemos passar por tudo outra vez.

Podemos não ser todos iguais,

Mas será o amor, o que nos torna assim tão diferentes?

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Amistar - Parte I

Numa das minhas viagens ao Nepal descobri um pequeno objecto, bastante curioso.
Era um cubo com gravuras diferentes em cada uma das faces e de arestas polidas. Perguntei aos habitantes se sabiam a utilidade daquele objecto, mas nenhum soube responder. A única pista que obtive foi que havia uma gruta, nas montanhas, onde existiam desenhos bastante semelhantes ao do cubo.
Demorei poucas semanas a encontrar o local, mas demorei parte da minha vida a descodificar o que encontrei.
A história é de um povo, há muito extinto, de nome Amistar que vivia em Taharan.
Era uma civilização que vivia em harmonia com a Terra e os seus Deuses, até que aconteceu uma grande desgraça.
Para entender os Deuses em que acreditavam é preciso ter em mente duas das suas características mais importantes: a questão das cores e da dualidade. Para os Amistar cada cor significava algo, ao mistura-las geravam novos conceitos e não havia distinção entre Deus e o Diabo, ambos coexistiam em equilíbrio, na Divindade.

A Deusa-Mãe, Quadanarí, era desenhada a verde, pois era a mistura do azul (Terra) e o amarelo (Sol).

Kanadar, Deus da Sombra e da Luz, era a aliança perfeita entre estes dois opostos, que ao completarem-se são tão essenciais para viver quanto o sangue. O que deu origem à sua cor: o vermelho.
O mais interessante era Jamirá, o Deus da Vida e da Morte, que por representar o ciclo onde tudo acontece, era pintado a negro. A cor mais importante para esta civilização, pois é o produto de tudo o que existe, de todos os elementos e cores.

O preto era usado apenas pela hierarquia mais alta:

A rainha, a responsável por manter a ordem, que tratava os assuntos mais importantes.
O rei, o embaixador, representava os Amistar em qualquer parte do universo.
Sharan, o ancião mais velho, era o braço direito da rainha e o líder dos 9 anciões.
Shaí, o curandeiro-mor, curava e ensinava técnicas de cura.
Bushi, o guerreiro, defendia e disciplinava o corpo e a mente dos seus soldados.

Amistar - Parte II

Para além da exclusividade do uso da cor preta, cada um deste elementos possuía um objecto sagrado: o Santo Dragaal (o cubo misterioso). A sua função era descoberta numa cerimónia muito especial, Namistar.
Nesta ocasião, o Sharan ancorava a energia da Deusa-Mãe, que explicava ao novo elemento, a utilização do Santo Dragaal.
​Única mensagem que consegui descobrir foi a dirigida ao guerreiro:
​“Neste dia de celebração é-te concedido, Bushi, o Santo Dragaal.
É um objecto feito do que é mais puro e cristalino na Terra.
​Confio-te a missão de protegeres o teu povo e sempre que a dúvida se cruzar no teu caminho, lança-o. A gravura que te sair, é aquela que deves seguir.
​Quando for a imagem de um dos Deuses, este se apresentará perante ti. No caso do símbolo de chuí, terás que deixar a energia do universo purificar-te e, na imagem dos 9 anciões, o melhor a fazeres é reunires-te a estes e à sua sabedoria.

​O momento mais importante será quando sair-te o Mosteiro de Harém, aí terás que te refugiar nele durante dez dias.

​Agora, meu filho, lança o dado para ver o que te espera na tua nova jornada”
​O guerreiro lançou o cubo e saiu pela primeira vez, na história dos Amistar, o Mosteiro de Harém.
Sem saber a sua localização, perguntou à Deusa-Mãe e a sua resposta foi outro desafio:
​“Terás que deixar o Caminho mostrar-te o Caminho. Silencia a tua mente inquieta e segue o som dos sinos de Harém.”
​Sem mais pistas, Bushi, abandonou o seu lar à procura do desconhecido.

No tempo em que esteve ausente, o seu povo foi dominado por forças inimigas e mergulhado no esquecimento. O guerreiro era o último a saber a verdade de Amistar e do Santo Dragaal.

​Para descobrir o que fazer a seguir, escondeu-se numa gruta, onde meditou por 10 dias.
No início foi dominado pelos pensamentos de culpa por não ter estado presente junto do seu povo e só no sétimo dia conseguiu silenciar a sua mente, sentir a sua essência. Descobriu muito acerca de si e no décimo dia, começou a ouvir sinos, os sinos de Harém.
​O lugar sagrado do Mosteiro não era mais longe do que o seu coração, ao encontra-lo, apareceram os três Deuses. Felicitaram-lhe pela bravura e explicaram o que aconteceu aos Amistar.

​Ao serem mergulhados no esquecimento, estavam privados da protecção da Deusa-Mãe e viverão no desespero da dúvida do que existe para além dos limites do céu. Na ausência de Karanda, viverão na eterna luta entre a Luz e a Sombra, sem saber que o equilíbrio está na junção dos dois e, sem Jamirá, irão morrer e renascer sem nunca se lembrarem de quem são.

​A missão de Bushi era registar a história do seu povo naquela gruta, para Amistar e o Santo Dragaal não caírem também no esquecimento. E as suas última palavras foram:
“ Que a Luz nos salve, nos traga de volta a memória, irmãos!”



- Exercício para uma cadeira de Antropologia